Maria José da Silva Alfenas |
Por Maria José da Silva Alfenas
Sou a de sempre, não me baqueiam os vales nem me
param os muros. Busco a felicidade nas pequenas coisas da vida, trago a beleza
no coração e a faço emergir em sonhos de noites bem dormidas.
Dedicatória:
Aos filhos: Cláudio; Carlos Tito;
Luiz e Ricardo.
Aos netos: Vinicius; Vicente;
Lucas; Murilo e Luiz Antônio, estes e outros que eventualmente vierem, motivo
de eu escrever este conto e postar minha biografia para que saibam no futuro
quem foi sua avó paterna.
Agradecimentos:
Ao meu marido pelo incentivo, aos
filhos Cláudio e Ricardo pela ajuda, e aos meus netos Vicente, Vinícius,
Lucas, Murilo e Luís Antônio motivo principal da existência do conto. Para que
no futuro se lembrem e saibam quem foi a vovó Zezé.
Acordei e me vi num quarto de hospital.
Meu quarto se encontrava no centro de
uma grande enfermaria. Em cada
parede do quarto tinha uma porta
de forma que eu via tudo que se
passava na enfermaria..
|
.
Abri a primeira porta e vi meninas numa correria frenética e graciosa, dando risadinhas gostosas, cochichando e rodopiando pelo salão da enfermaria. |
Com a doçura de uma irmã a cuidar dos irmãozinhos, Melina tentava
acalmar Beatriz, uma pequenina de três aninhos, que chorava com saudades da
mãe, que saira para comprar frutas para ela. Enquanto isso, Anita, uma
menininha muito tristonha, estava num cantinho. Logo, Melina foi ao seu
encontro para saber o motivo da tristeza. Anita estava triste porque seus
cabelos haviam caído por causa da quimioterapia.
Melina colocou-a no colo, e carinhosamente explicou-lhe que os cabelos
iriam crescer novamente...
Dirigi-me à outra porta, onde vi dois garotos, com cara de maus,
arquitetando um plano para assustar os meninos da enfermaria ao lado.Otávio, um menino com cara de mau era quem bolava o plano, e Jaime, um gordinho com cara de bobo, que nunca tinha opinião própria,
sempre fazia o que Otávio mandava... Jaime não era mau, mas era influenciável,
e Otávio se aproveitava dessa sua fraqueza.
Na terceira porta, eu me divertia muito a ver a correria daqueles
intrépidos garotos. Era a enfermaria dos menores de 6 anos. Uns se juntavam
para planejar um combate ao mal que estava prestes a assolá-los, enquanto
os outros preparavam as armas para o combate. Pegavam amuletos,
cascalhos, botões, pedrinha semipreciosas. Esses meninos estavam
assustados e com medo de Jaime e Otávio.
O pequeno Augusto trazia na cabeça, um chapéu exótico. Ele parecia um duende com super poderes. Seus olhos redondos, arregalados e negros, como a jabuticaba, fiscalizavam atentamente cada barulho que vinha do quarto ao lado.
Augusto contava com a astúcia de Artur que era um menino muito
esperto e que por isso lideraria o motim que estava prestes a
acontecer. Artur sabia que no momento certo poderia contar com sua amiga, a
fadinha Anabel. Os dois fariam o contra ataque.
Tal qual uma bruxa má, aparece Maria Lúcia , uma enfermeira muito
brava, que os obrigava a irem para sua camas.
Obrigados a se deitar, cada um esperava ansiosamente o momento certo
para voltarem aos seus postos, na missão de se protegerem contra o mal que
estava prestes a assolá-los.
Estavam deitadinhos e tranquilos esperando que Angélica, a enfermeira
boazinha, que traria os remédios da noite e o leitinho quente para dormirem.
Após isso, poderiam voltar...
Assim que Angélica os medicou e voltou para o posto de enfermagem, eles
voltaram a se reunir, porque sabiam que o pesadelo estava prestes a começar. Deveriam
estar atentos e preparados.
De repente, Jaime aparece no quarto e joga alguns bichos perto deles, e
Otávio grita: OLHA OS MONSTROS,!!!!!
Eram inúmeros besouros pretos e feios, dezenas de mariposas negras e
muito assustadoras, algumas centopéias que pareciam cobras, e um Tatuzinho que
se enrolava parecendo cocôzinho.
Otávio e Jaime riem maldosamente...
As crianças trêmulas e assustadas, me pedem ajuda .
Eu que estava apavorada com a balbúrdia que se instalara, senti que
tinha de ser firme e agir para ajudá-los, já que confiavam em mim.
Então apelei para a minha fada madrinha, e gritei: ARABEEEELA!!!!!!
ARABELA entra pela janela com sua varinha mágica, e transforma os
besouros em lindas joaninhas, que vieram voando e pousaram no vestido de
Melina.
As mariposas, que mais pareciam borboletas bruxas, foram transformadas em lindos beija-flores que sairam voando pela janela.
As centopéias que pareciam cobrinhas, ganharam sapatinhos
coloridos e lacinhos vermelhos no pescoço. Assim elas já não amedrontavam
mais...
O Tatuzinho se enrolou e foi transformado numa linda bola de futebol,
para os meninos brincarem.
A alegria reinou ...... As crianças cantavam, brincavam e dançavam.
Numa alegria sem igual. Vieram todas, me rodearam, cantando e dançando,
em minha homenagem, como se eu fosse uma heroína ou deusa. Me senti um pouco
mãe de cada um deles...
A mãe de Beatriz chegou com uma cesta de frutas e guloseimas, e as
distribuiu para a criançada. Elas comiam gulosamente. A enfermaria era só
felicidade...
De longe Jaime olhava com inveja, os meninos a comer e a
brincar. Logo, Augusto percebeu a carinha tristonha de Jaime, e foi
conversar com ele. Ele disse que não tinha amigos, e que só fazia o que Otávio
mandava porque ninguém conversava com ele. Então Augusto o levou pela mão e o
colocou para pegar no gol do jogo de futebol dos amigos. Ficaram amigos, e
Jaime ficou muito feliz e não fez mais maldades com eles. Otávio era mau, mas
era medroso, e sozinho não tinha coragem para fazer maldades. A enfermaria era
só Alegria depois disso tudo...
Quando tudo era calmaria, resolvi abrir a quarta porta.
E que surpresa! Era a porta do meu quarto. Eu me vi deitada na minha
cama, na minha casa.
Tudo foi um sonho...