sábado, 29 de fevereiro de 2020

Contos para Meus Netos - A Enfermaria Maluca


Maria José da Silva Alfenas
          

Por Maria José da Silva Alfenas

Sou a de sempre, não me baqueiam os vales nem me param os muros. Busco a felicidade nas pequenas coisas da vida, trago a beleza no coração e a faço emergir em sonhos de noites bem dormidas.
                                


Dedicatória:

Aos filhos: Cláudio; Carlos Tito; Luiz e Ricardo.
Aos netos: Vinicius; Vicente; Lucas; Murilo e Luiz Antônio, estes e outros que eventualmente vierem, motivo de eu escrever este conto e postar minha biografia para que saibam no futuro quem foi sua avó paterna. 


Agradecimentos:

Ao meu marido pelo incentivo, aos filhos Cláudio e Ricardo  pela ajuda, e aos meus netos Vicente, Vinícius, Lucas, Murilo e Luís Antônio motivo principal da existência do conto. Para que no futuro se lembrem e saibam quem foi a vovó Zezé. 



A Enfermaria Maluca

Acordei e me vi num quarto de hospital. 
Meu quarto se encontrava no centro de 
uma grande enfermaria. Em cada
 parede do quarto tinha uma porta
 de forma que eu via tudo que se 
passava na enfermaria..

.
Abri a primeira porta e vi meninas numa correria frenética e graciosa, dando risadinhas gostosas, cochichando  e rodopiando pelo salão da enfermaria.


Uma pequena ruivinha de mais ou menos 10 aninhos parecia uma fadinha  de longos cabelos ondulados, da  cor de fogo.

Ela era doce e suave. Tinha a inocência e a leveza  de um colibri. Seu nome era MELINA.  Sua missão era acalmar os menores, e os mais indefesos.




Com a doçura de uma irmã a cuidar dos irmãozinhos, Melina tentava acalmar Beatriz, uma pequenina de três aninhos, que chorava com saudades da mãe, que saira para comprar frutas para ela. Enquanto isso,  Anita, uma menininha muito tristonha, estava num cantinho. Logo, Melina foi ao seu encontro para saber o motivo da tristeza. Anita estava triste porque seus cabelos haviam caído por causa da quimioterapia.
Melina colocou-a no colo, e carinhosamente explicou-lhe que os cabelos iriam crescer novamente...

Dirigi-me à outra porta, onde vi dois garotos, com cara de maus, arquitetando um plano para assustar os meninos da enfermaria ao lado.Otávio, um menino com cara de mau era quem bolava o plano, e Jaime, um gordinho com cara de bobo, que nunca tinha opinião própria, sempre fazia o que Otávio mandava... Jaime não era mau, mas era influenciável, e Otávio se aproveitava dessa sua fraqueza.




Na terceira porta, eu me divertia muito a ver a correria daqueles intrépidos garotos. Era a enfermaria dos menores de 6 anos. Uns se juntavam para planejar um  combate ao mal que estava prestes a assolá-los, enquanto os outros preparavam as armas para o combate. Pegavam amuletos, cascalhos,  botões, pedrinha semipreciosas. Esses meninos estavam assustados e com medo de Jaime e Otávio. 


O pequeno Augusto  trazia na cabeça, um chapéu exótico. Ele  parecia um duende com super poderes. Seus olhos redondos, arregalados e negros, como a jabuticaba, fiscalizavam atentamente cada barulho que vinha do quarto ao lado. 


Augusto contava com a astúcia  de Artur que era um menino muito esperto e que por isso lideraria o motim que estava prestes a acontecer. Artur sabia que no momento certo poderia contar com sua amiga, a fadinha Anabel. Os dois fariam o contra ataque.


Tal qual uma bruxa má, aparece Maria Lúcia , uma enfermeira  muito brava, que os obrigava a irem para sua camas.

Obrigados a se deitar, cada um esperava ansiosamente o momento certo para voltarem aos seus postos, na missão de se protegerem contra o mal que estava prestes a assolá-los.
Estavam deitadinhos e tranquilos esperando que Angélica, a enfermeira boazinha, que traria os remédios da noite e o leitinho quente para dormirem. Após isso, poderiam voltar...




Assim que Angélica os medicou e voltou para o posto de enfermagem, eles voltaram a se reunir, porque sabiam que o pesadelo estava prestes a começar. Deveriam estar atentos e preparados.


De repente, Jaime aparece no quarto e joga alguns bichos perto deles, e Otávio grita: OLHA OS MONSTROS,!!!!! 
Eram inúmeros besouros pretos e feios, dezenas de mariposas negras e muito assustadoras, algumas centopéias que pareciam cobras, e um Tatuzinho que se enrolava parecendo cocôzinho.

Otávio e Jaime riem maldosamente...


Os meninos gritaram assustados: Ai!!!!  Aiaiai!!!...Aiaiai!!!!!
As crianças trêmulas e assustadas,  me pedem ajuda .
Eu que estava apavorada com a balbúrdia que se instalara, senti que tinha de ser firme e agir  para ajudá-los, já que confiavam em mim.




Então apelei para a minha fada madrinha, e gritei: ARABEEEELA!!!!!!


ARABELA entra pela janela com sua varinha mágica, e transforma os besouros em lindas joaninhas,  que vieram voando e pousaram no vestido de Melina.







As mariposas,  que mais pareciam borboletas bruxas,  foram transformadas  em lindos beija-flores que sairam voando pela janela.

As centopéias que pareciam  cobrinhas, ganharam sapatinhos coloridos e lacinhos vermelhos no pescoço. Assim elas já não amedrontavam mais...
O Tatuzinho se enrolou e foi transformado numa linda bola de futebol, para os meninos brincarem.


A alegria reinou ...... As crianças cantavam, brincavam e dançavam.
Numa alegria sem igual. Vieram todas, me rodearam, cantando e dançando, em minha homenagem, como se eu fosse uma heroína ou deusa. Me senti um pouco mãe de cada um deles...



A mãe de Beatriz chegou com uma cesta de frutas e guloseimas, e as distribuiu para a criançada. Elas comiam gulosamente. A enfermaria era só felicidade...




De longe Jaime olhava com inveja,   os meninos a comer e a brincar. Logo,  Augusto percebeu a carinha tristonha de Jaime, e foi conversar com ele. Ele disse que não tinha amigos, e que só fazia o que Otávio mandava porque ninguém conversava com ele. Então Augusto o levou pela mão e o colocou para pegar no gol do jogo de futebol dos amigos. Ficaram amigos, e Jaime ficou muito feliz e não fez mais maldades com eles. Otávio era mau, mas era medroso, e sozinho não tinha coragem para fazer maldades. A enfermaria era só Alegria depois disso tudo...


Quando tudo era calmaria, resolvi abrir a quarta porta.
E que surpresa! Era a porta do meu quarto. Eu me vi deitada na minha cama, na minha casa.
Tudo foi um sonho...